Vários Jornais do Rio de Janeiro, televisões, mostraram esse fato. Foi um período muito difícil pra mim e para as pessoas, que sofreram. Até hoje, ainda sofro com esse episódio.
Texto de Luana Santiago JORNAL EXTRA 26/09/2028
— Sou bruxa e gosto de ser chamada de bruxa. Uso preto, tenho gatos pretos e sou roqueira. Faz parte do meu marketing — conta com orgulho enquanto mexe no cordão de pentagrama no templo Wicca que construiu sobre a casa onde vive em São João de Meriti:
— Na Baixada Fluminense é assim. Se quer aumentar a propriedade, constrói em cima.
A relação com o ocultismo da bruxa nascida e criada em Meriti vem de berço: o avô praticava quiromancia (leitura de mãos), despertando o interesse da neta pela magia. Antes de dedicar-se à bruxaria, entretanto, Alana estudou Ciências Sociais na Uerj, mas não completou o curso por causa do regime militar. Mais tarde, ela se formou em História.
— Bruxo deve ter conhecimento interior. A maioria dos wiccanos possui ensino superior completo ou são autodidatas — esclarece.
Esta é a primeira vez em 30 anos que Alana e seus seguidores enfrentam represálias tão severas por serem bruxos. O pesadelo começou após boatos nas redes sociais atribuírem ao grupo wiccano Tradição Athena Pronaia, fundado em 2005, a culpa pelo suposto desaparecimento e sacrifício de crianças para rituais satânicos.
Alana denunciou as ameaças de morte recebidas por telefonemas, redes sociais e da vizinhança na 64ª DP de Vilar dos Teles. O caso deve ser encaminhado para a Delegacia de Repressão a Crimes de Informática; ele está sendo acompanhado pela Secretaria de Direitos Humanos e a Coordenadoria de Promoção da Liberdade Religiiosa.
Antes das notícias falsas se propagarem, a única preocupação na vizinhança tomada por igrejas evangélicas era uma mulher que colocava óleo ungido no portão de sua casa e a chamava de "do diabo".
— Wiccas sequer acreditam no Satanás — Este vídeo que viralizou no Facebook no início deste mês. Vestidos com capas pretas, os membros do coven fazem uma oferenda à Deusa Hécate na madrugada. Um horário, segundo eles, propício para se conectar com a natureza.
Três covens — grupos de até 13 bruxos que se reúnem para celebrar os deuses wiccas — formam a Tradição Athena Pronaia: Juntos eles somam 23 integrantes e todos possuem símbolo da Tradição tatuado na nuca. A maioria conheceu Alana através da internet após ela ganhar visibilidade com colaborações em sites e revistas de ocultismo.
Embora seja a diretora da Escola de Artes Mágikas e Divinatórias, a principal fonte de renda de Morgana vem das consultas realizadas durante a semana. O preço varia de acordo com o trabalho a ser realizado: pode ser leitura de cartas, oráculos, runas e outros. Trazer sorte no amor e sucesso no carreira são as causas pelas quais é mais procurada. Em caso de cura de doenças, o serviço sai de graça.
Atualmente, a escola fundada em 1984 conta com 20 alunos e não cobra mensalidade para o estudo da religião Wicca — obrigatório para quem quer seguir a religião das bruxas ligadas às forças da natureza. Após a formação, que dura um ano e um dia, a dedicação wiccana é integral:
— Ser bruxa não por 24, mas 25 horas por dia. Se me procuram de madrugada com dor no estômago, por exemplo, tenho a obrigação de atender o pedido. Servir à Grande Deusa vem em primeiro lugar.
Com exceção de Alana, cujas profissões estão ligadas à religiosidade, os outros membros da Tradição são enfermeiros, funcionários públicos, DJs, donas de casa, produtores de teatro, designers e até militares,. seus seguidores são indivíduos normais:
— Vestindo preto e com tatuagens... Somos pessoas como qualquer outra. Gostamos de sair nos finais de semana para ir à shows, cinema e nos encontrar com os amigos para beber.
Observação: Foi alterada a foto original, e o texto, com alguns nomes, pois essas pessoas, saíram.